Em Submerged o mar se levantou e a Natureza (ou algo ainda mais sinistro) clamou de volta o que a Civilização ergueu. Nesse jogo sem palavras ou diálogos, seus companheiros são a melancolia, as perguntas que não terão respostas claras e o balanço das águas.

A proposta da Uppercut Games é um título sem confronto ou morte. Mas não sem ameaça. No papel da jovem sem nome que tenta fazer de tudo, inclusive sacrifícios, para salvar a vida do irmão, você embarca em uma jornada pelos restos de outros tempos, enquanto é seguido de perto por estranhas criaturas de todos os tipos. Enquanto a história se desenrola, vai ganhando forma o preço que terá que ser pago para atingir o final.

Apesar das influências lovecraftianas (uma delas bem discreta, escondida no nome de um dos hotéis parcialmente submersos), não é um survival horror. Submerged é um título contemplativo, um espaço de deslumbre com suas belas paisagens em meio a ruínas e sua fauna inusitada. É um título onde explorar é tudo: você decifra o novo espaço geográfico da cidade inundada, você encontra fragmentos da grande história do Homem, você desbloqueia o passado da menina e seu irmão. Tudo isso embalado por uma trilha sonora que só aumenta a sensação de solidão cálida.

Depois de ter visto os primeiros trailers da produção, corri atrás do site oficial e descobri que a desenvolvedora tinha um sistema em que poderia oferecer chaves de avaliação com o jogo completo para blogueiros e gamecasters. Pela primeira vez em oito anos de blog, resolvi arriscar, entrei em contato e eles tiveram a gentileza de atender ao meu pedido.

Submerged é um título para poucos. Ele é curto, em menos de três horas completei a trama principal. Sua jogabilidade se resume a navegar com o barco e escalar prédios em busca de itens. Nenhum dos dois elementos é desafiador. Este é mesmo um jogo que se preocupa mais em inserir o jogador em seu universo do que em testar seus limites. Seus gráficos deixam a desejar em alguns momentos, enquanto em outros fazem seu queixo cair no chão, você parar o barco, girar a câmera e apenas sentir a brisa bater em seu rosto. É o equivalente virtual de parar o frescobol, sentar na beira da praia, contemplar o por do sol e esperar a onda molhar os dedos dos pés.

Infelizmente, quando Submerged acaba, você fica esperando mais: mais enredo, mais lugares, mais criaturas, mais respostas. Porém, por enquanto, é tudo o que temos.